E por que digo isso agora? É que muitas pessoas ainda não sabem que a obra do Leo Pincel, do chassis à tinta, da primeira pincelada à assinatura, toda ela é um monumento à liberdade que o artista tem construído sem sequer o saber, pois do contrário não seria mais liberdade.
Livre. Sem as travas do academicismo. Sem o medo de não agradar. Sem dia e sem horário para se comprometer. Sem arrego para o ridículo. Sem ninguém para obedecer, nem mesmo o mercado. Livre.
Estou entre os que sabem que é por isso, pela liberdade que inspira e transpira, e não pelos seus variados temas e agilidade de estilo, que a pintura do Leo assusta, incomoda, provoca indiferença, ao mesmo tempo que atrai e seduz. Vai entender.
Leo tem marcas. Já dobrou um milênio e passou da metade de um século de vida. Sempre artista. Nunca conseguiu fazer outra coisa. A arte lhe cobrou todas as vezes que pensou em fazer algo mais além dela. Suas obras atuais marcam a redenção desse conflito. Ele se assume sem pretensões e como artista total que sempre foi, sem habilidade para ser outra coisa que não sua própria arte, às vezes só tela e tinta, na longa espera de uma chegada.
Pois repare, ele conversa como que contrastando cores e dando pinceladas. Com um desleixo retórico comparável às manchas de tintas jogadas contra o branco. Pode assustar o interlocutor. Mas tanto na vida quanto na obra, ao distanciarmos, vemos que as manchas têm endereços certos e formam mensagens e imagens conexas, sempre belas, luminosas, muitas vezes surpreendentes, frutos de uma vivência artística extremada que cultiva a liberdade. Acima de tudo, ela. Eu não disse?